A edição #28 demorou mas chegou 💜✨
Hoje, um tema que eu tava querendo escrever faz tempo, e que provavelmente vai render outras edições. Porque o que leitor gostar é de falar mal de adaptações 🤷♀️
Depois me conta o que você acha de adaptações?
Certo dia, encontrei uma amiga que chegou toda animada, dizendo “Tu viu que o livro que você tem do Nicholas Sparks vai virar filme?! Aproveita e lê logo!” Não demorei para começar a leitura. Cheguei a ler até de madrugada, me apaixonei e imaginei perfeitamente como era o personagem do livro e sonhei com a adaptação. O filme, ainda teria o próprio autor como roteirista. O que poderia dar errado? Tudo.
Uma coisa é fato, nós leitores sempre vamos reclamar das adaptações. s.e.m.p.r.e. Algumas se salvam, outras (raras) ficam melhores que os livros mas sempre tem aquela que a gente vai achar que não deveria ter existido.
“Ah, mas não da para ficar igual, são meios diferentes”. Concordo e, de um tempo pra cá eu tenho criticado menos as adaptações. Mas o leitor adora ter o prazer de reclamar quando se trata do seu livro preferido. Assim como eu vou sempre reclamar de quão ruim foi a adaptação do livro do Nicholas Sparks 💁♀️
Ah, o filme? Daqui a pouco eu conto..
O Quarto ao Lado
Netflix, Comédia dramática, 1h47


Ingrid (Jualianne Moore) e Martha (Tilda Swinton) se tornaram amigas na época que trabalharam juntas numa revista. Muitos anos depois, sem contato algum, elas se reencontram em uma situação delicada. Martha está em tratamento contra o câncer, e sua amiga Ingrid decide ficar por perto para ajudar e apoiar.
Filme e livro. Os dois têm o mesmo tema central: a amizade, conflitos, luto e perdas. Porém, o livro - narrado em primeira pessoa - muitas vezes deixa a amizade de lado, e foca em outras situações vivenciadas pela narradora. E aqui vem uma parte que me incomodou um pouco.
A autora escreveu usando uma técnica chamada: fluxo de consciência. É como se o narrador escrevesse no mesmo instante em que a cena acontece, contando cada detalhe, mas tendo o cuidado para que o texto não fique cansativo, parado ou sem sentido. Eu mesma acho muito difícil escrever usando o fluxo de consciência.
Por conta dessa técnica, senti que a autora misturou muito os assuntos; precisei voltar atrás na leitura algumas vezes por ter perdido o foco. Ela alterna os assuntos, e muitas vezes acaba esquecendo da amiga. Mas algo que me falaram e faz sentido: ela provavelmente foge do assunto, para não ter que enfrentar toda a situação que ela está vivenciando - muitas vezes a gente faz isso mesmo, não?!
E aliás, toda essa divagação dela tem a ver com o livro, querendo ou não é o que ela está enfrentando e o que os outros provavelmente estão enfrentando.

Bom, voltemos ao filme..
Em O Quarto ao Lado, há muitas referências - sutis ou não - ao livro; são pequenos detalhes que só quem leu irá notar, e que não atrapalham e não se tora uma “informação solta” em toda a história. O filme acaba sendo um pouco melhor que o livro por ter dado um foco maior na amizade delas porém, pecou em alguns detalhes que foram mais bem explicados no livro (é sempre assim com adaptações, não?!).
O longa é dirigido por Pedro Almodóvar (o mesmo de Volver, A Pele Que Habito - filme ótimo, aliás - e Tudo Sobre Minha mãe). O diretor decidiu mudar um pouco, da Espanha resolveu ir para Hollywood. Mudança de ares e língua. Almodóvar tem um estilo próprio, todos os seus filmes têm um tom de vermelho vibrante (várias cores chamativas mas o vermelho é a principal) e sempre tem uma mulher forte. O quarto ao Lado tem muitas características, mas parece que faltou alguma coisa dele. Será que teremos uma nova versão de Almodóvar?!
Em resumo, é um bom filme mas eu esperava um pouco mais do diretor.
“Independentemente de haver aceitação, há medo. Medo da dor. Medo do escuro. Mesmo aqueles que vão “com doçura” não parecem totalmente certos a respeito da parte “acolhedora.” - O Que Você Está Enfrentando - Sigrid Nunez
Nos Streamings…
Amazon Prime
Boneco de Neve
Uma mulher desaparece e a única pista é um cachecol rosa encontrado em um estranho boneco de neve. O detetive Harry Hole começa suas investigações e percebe que o crime parece obra de um serial killer.
Como uma grande fã do autor (Jo Nesbo), eu sempre vou preferir o livro. Boneco de neve é o sétimo livro de uma sequência - sem fim - sempre com o mesmo personagem principal. Harry Hole, um detetive com diversos problemas e sempre disposto a fazer de tudo para encontrar o culpado. No livro, o autor mostra mais o lado do personagem e seus problemas.


Disney+
Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
Durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial de Londres, quatro irmãos ingleses são enviados para uma casa de campo onde eles estarão seguros. Um dia, Lucy encontra um guarda-roupa que a transporta para um mundo mágico chamado Nárnia. Depois de voltar, ela logo volta a Nárnia com seus irmãos, Peter e Edmund, e sua irmã, Susan. Lá eles se juntam ao leão mágico, Aslan, na luta contra a Feiticeira Branca.
Crônicas de Nárnia tem três filmes e, para mim, esse é o melhor. Todos os três são bem parecidos com o livro, mas esse tem todo o meu coração.
A Menina Que Roubava Livros
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger sobrevive fora de Munique lendo os livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo, ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um judeu que vive na clandestinidade em sua casa. Enquanto não está lendo ou estudando, ela faz algumas tarefas para a mãe e brinca com o amigo Rudy.
Já faz muito tempo que li o livro e assisti o filme mas, até hoje tenho um incômodo com o longa. Ele podia ter se aprofundado em um dor personagens - como o autor faz no livro - mas perdeu a oportunidade. E acho que se tivessem falado mais sobre tal personagem, o filme melhoraria muito!
Será que existe filme melhor que a adaptação?!
É raro, mas acontece..
Clube da Luta
Um homem deprimido que sofre de insônia conhece um estranho vendedor chamado Tyler Durden e se vê morando em uma casa suja depois que seu perfeito apartamento é destruído. A dupla forma um clube com regras rígidas onde homens lutam. A parceria perfeita é comprometida quando uma mulher, Marla, atrai a atenção de Tyler.
O livro é do autor Chuck Palahniuk, achei uma leitura completamente arrastada.
Mary Poppins
Na Londres de 1910, um banqueiro rígido e severo com os filhos escreve um anúncio no jornal em busca de uma governanta. Trazida pelo vento em um guarda-chuva voador, uma babá com poderes mágicos aparece para transformar a triste rotina da família.
O filme é ótimo mas, já ouvi mais de uma pessoa dizendo que o livro é muito chato. Preferi acreditar na opinião..
Também tem filme que decepcionou…
E se você assistir, é por sua conta e risco!
A Mulher na Janela
Anna Fox mora sozinha em uma casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo vinho, assistindo filmes antigos e conversando com estranhos na internet. Quando uma nova família se muda para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela vida perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando com sua câmera, ela vê algo que muda tudo.
E eis, o filme que comentei no início da newsletter..
A Escolha
Travis é um jovem que não acredita em relacionamentos, até que Gabby se muda para a casa ao lado. Ela o instiga logo de cara e os dois acabam se entregando a uma relação que nenhum deles esperava que acontecesse.


➡ Bônus
Não da para falar sobre todos os filmes que eu gostaria em uma edição só - sim, farei outra, mas sabe-se lá quando.
Então, aí vai uma listinha que eu fiz (com ajuda do chat gpt) de livros que já foram adaptados e inspirados:
Adaptações
Esses seguem mais fielmente a trama original ou são creditados diretamente como baseados na obra.
Orgulho e Preconceito (2005) – Jane Austen
As Horas (2002) – Michael Cunningham
Precisamos Falar Sobre o Kevin (2011) – Lionel Shriver
O Sol é Para Todos (1962) – Harper Lee
A Garota no Trem (2016) – Paula Hawkins
Me Chame Pelo Seu Nome (2017) – André Aciman
Inspirações
Aqui entram adaptações mais livres ou filmes "inspirados por", que podem ter mudado bastante o tom, o enredo ou os personagens.
Blade Runner (1982) – inspirado em Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick
10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999) – inspirado em A Megera Domada, de Shakespeare
O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) – baseado no conto de F. Scott Fitzgerald
O Labirinto do Fauno (2006) – embora não adaptado, tem forte inspiração em contos clássicos e literatura fantástica
As Patricinhas de Beverly Hills (1995) – livremente inspirado em Emma.
Notícias da Sétima Arte
📰 Tem mais uma adaptação de livro da Colleen Hoover (autora de “É Assim Que Acaba…”) chegando. O livro da vez é Verity, Com Anne Hathaway, Dakota Johnson e Josh Hartnett). As gravações terminaram recentemente e já tem até data de estréia.
📰 O livro brasileiro A Cabeça do Santo de Socorro Acioli, também vai virar filme, mas ainda sem data nem outras informações sobre a adaptação.
Li ano passado, quase em uma sentada só, é uma leitura deliciosa, rápida e que deixa gente vidrado do começo ao fim.
📰 E eu tô super ansiosa para a série que adapta do livro Véspera da Carla Madeira!
Você ainda tá aí?!
A referência neste vídeo aqui ou esse neste com legenda.
🎬 Quer lembrar de algum filme que já foi indicado na newsletter? Da uma olhadinha aqui: Lista Cyne News
💌 O Multiverso da Newsletter…
O que teve de bom aqui nos últimos quinze dias.
🎬 A
falou sobre a validação da nossa dor, basicamente o tema da minha terapia pelo menos uma vez no mês 🤡🎬 A
falou sobre a vergonha e se sentir vulnerável, adoro ler sobre esse tema - e saio do texto dela com a certeza que preciso ler Brené Brown para ontem!🎬 A
contou sobre o ritual de aniversário a mãe dela, que foi numa pousada cheia de amor e afeto - já quero conhecer.
Amei essa edição. Adoro saber sobre adaptações. Em séries, vale dizer que AMEI Daisy Jones an the Six. Fiquei apaixonada pela série, pelas músicas, pelas personagens... E achei Ainda Estou Aqui melhor no cinema que no livro.
Eu costumava ter bastante birra de adaptações, mas depois que voltei a escrever vejo as coisas com outros olhos.
Continuo reclamando que “o livro é melhor” hahaha, mas entendo isso que você disse: são artes diferentes. Se os roteiristas alteram ou excluem trechos dos originais, motivo tem!
E não tô acreditando que 10 Coisas Que Eu Odeio em Você foi inspirado em uma peça de Shakespeare.. tô chocada, não sabia!